O rigor da pesquisa científica, ao longo dos séculos, se caracterizou por uma linha de observação estritamente prefigurada pela visão da inteligência masculina, a qual é mais fundamentalmente voltada para a especificação, para a fragmentação. De forma brilhante, assim vem fazendo a física moderna ao fragmentar a matéria, com intuito de observá-la, por assim dizer, com lentes de aumento cada vez mais possantes, em busca de desvendar a essência que compõe a natureza que vemos a nossa volta. A partir desta prática de fragmentar para decantar a sua substância fundamental ao nível das partículas subatômicas, surgiu a perplexidade na qual a matéria é um. fenômeno que resulta de um processo de condensação de energia; em sua essência, sem qualquer substância definitiva ou fundamental. A matéria se configura como "nós" à partir de um vasto tecido que abrange o todo, cujo estofo, a massa, é sem substância fundamental. É inapreensível por seu comportamento dual, revelando-se ora como onda, ora como partícula. Esta concepção da matéria, que se tece local, amarrando-se ao global, de forma complexa e intrincada, fez com que a física, repensasse seus valores. Hoje, nos moldes atuais de observação, é impossível à física, fragmentar, especificar, separar o local do global. A valiosa dissecação de separar para analisar, necessária, entretanto, ao aprofundamento do estudo dos fenômenos da natureza e do universo; tem sua contrapartida na proliferação de disciplinas, que torna inacessível o olhar global do ser humano.

Nos confins do conhecimento, limites onde hoje a ciência se afunila, focalizada predominantemente pelo ajuste da ótica masculina; é justo o ponto onde se faz notar ausente, a não ser através da manifestação tímida, a atuação feminina ao que tange à função participativa de sua inteligência complementar. O uso desta inteligência, que é sabedoria, equilibra por sua própria natureza, uma vez que: aglutina, congrega, une. Hoje, a não ser entre os que já venceram a antinomia; o predomínio da inteligência masculina (focal), construído sobre a desvalorização do que caracteriza a sapiência feminina (global), cria uma lacuna inconsciente que prefigura os limites da cisão. Tal prática desconciliatória promove um dano quase irreparável de causa e efeito, nos afetando a todos, indistintamente, homens e mulheres:- a fragmentação psíquica. Assim sendo, alijados do usufruto da sabedoria feminina, lesados por esta assimetria, que em certas culturas atinge o limite da espoliação fraudulenta, existimos impedidos de evoluir em direção à tônica máxima para a qual estamos vivos: - atingir a maturidade psíquica. Verdadeira razão pela qual, acabamos todos por abortar num mundo, embora tão evoluído pelo pesquisa científica, apresenta, na grande maioria, uma sociedade patológica, destituída de sentido de vida, dominado pela competição desenfreada, pelo lucro imediato, pela violência, arrasada pela fome, pelas guerras religiosas, pela negação ou exploração alheia, onde impera o desafeto, o desamor.

Não... não podemos olhar ainda para a imagem resplandecente de nossa alma amada e amante e cuja a doce face é feminina; suprimida como está, do sangue de nossa estrutura interior. Teríamos antes que nos desvencilhar de nossas rígidas estruturas de estátuas de pedra, para a qual, cobertos pelo véu da ilusão, estamos cegos! O amor, palavra vã ..., restritamente vinculado ao plano psicológico e emocional, não está sendo utilizado para gerar o mundo humanizado.

Mas, existe a arte, dom divino, sublime auxílio para a criação, evolução e libertação da alma acorrentada; uma vez que criar é amar! O Holomovimento, redefine a arte como possível elemento de cura das fragmentações, de restauração e purificação das estruturas ilusórias; atuando como prática, atenção: -sem dogmas, da religião, da religação. O surgimento da Arte compartilha com a o surgimento do homem moderno sobre a face da terra, que data em torno de quarenta mil anos aC. Contudo, o Holomovimento, enquanto força oculta e como sendo proveniente de esferas do não manifesto, surge no tempo anterior ao início do universo manifesto; este, provavelmente com o big-bang, segundo as recentes teorias.

A grosso modo, dentro desta conclusão, nada escapa ao Holomovimento, uma vez que tudo nele é única e somente energia, e como tal é movimento indestrutível de informação, transformação e evolução.

Organizada dentro dos moldes de rigor da pesquisa científica; finalizamos a teoria do Holomovimento estabelecendo simetrias à partir do legado que a física moderna nos deixou. O Holomovimento confirmou, através da Arte, a natureza dual que caracteriza o comportamento antitético da estrutura da nossa esfera psíquica, como sendo masculino e feminino. Largamente analisado em nosso estudo, contudo, ficou demonstrado que o exercício mental x emocional, movimento efetuado pela psique em relação ao soma: - o campo onde a energia é armazenada, organizando-se e convergindo cada vez mais sobre si mesma, acaba por fazer a realidade da sua estrutura dual, masculina-feminina, atingir a sua simetria, criando um novo e elevado padrão de ordem. Assim a dualidade dentro deste novo padrão espelhado de simetria, terá acumulado suficiente energia e suficiente força de atração para reverter o quadro de fragmentação psíquica. A partir daí, a dualidade que se deseja unidade, aniquilar-se-á no exato encontro das suas antíteses mental - emocional, psico - físicas. Assim como na física das partículas, o núcleo atômico da esfera psíquica, dentro da nova fusão de aliança máxima de todas as suas forças contraditórias, terá se recriado em pura energia. Emergindo em luz, espargindo luz e iluminando a natureza à sua volta. Aniquilar-se para as estruturas de natureza dual, compostas e impermanentes, e fundir-se em unidade fundamental, significa renascer num horizonte de eventos, dentro de novas estruturas de luz congelada, pertinentes à natureza fundamental, à unidade cósmica, eterna e imortal..

Do Holomovimento também faz parte o livre arbítrio confinando nossa existência dentro do princípio de incerteza, onde tudo se resume na questão de probabilidades; pois, tal e qual presente na física, não podemos prever ou afirmar com certeza, como, quando e onde um evento, ou um horizonte de eventos, pode nos acontecer. Não podemos argumentar de forma científica de onde viemos, quem somos, para onde vamos. Devemos, contudo, concordar com Einstein, e acreditar como ele acreditava, certo ao afirmar que Deus não joga dados; na probabilidade de participarmos como astros isoladamente considerados, dentro das esfera de alcance infinito, como os planetas e as estrelas, ou como santos, palavra que significa completos e separados, uma vez que, para tal, optemos por existir em harmonia com os movimentos dessa força de maior expressão do universo, a força de gravitação, atrativa, de união. Força que possibilitou o surgimento do homem sobre o planeta e sua evolução, como o único ser dentre as espécimes cuja psique é dotada da visão enquanto objeto da sua própria realidade e da sua própria observação. Nesta esfera de reflexão extremamente complexa que é a nossa e à qual pertencemos, como espelhos que refletem a alma do Criador; qual é o nome que podemos associar à esta força convergente que cria esferas, gravitação - onipotente, onipresente e onisciente, governando nossos passos de transmutação em direção à nossa própria iluminação, senão amor?

Finalizando nossa tese, terminamos por concordar como sendo a gravitação, a força geradora do Holomovimento em sua forma concreta, aparente e manifesta. Contudo, esta força gravitacional atuante em seu movimento no universo como um todo, vai além, pois surge anterior ao universo manifesto, vindas de esferas do não manifesto. À partir daí, do não manifesto, só pode ser chamada amor:- totalmente imaterial, inapreensível, indestrutível, contudo, mantendo suas características atrativas; de união, esta força conversora e propulsora, mantenedora do universo coeso desde o ínfimo ao imenso, hoje, conquistou o seu Nome e encontrou o seu lugar na ciência.

Portanto, a prática que conduz à vida eterna é: amar! Eis da raça humana a melhor obra a realizar-se.! Amar, simplesmente, amar! Eis o que melhor nos resta, dentro do que a eternidade nos reserva.

Com La Place, ilustramos o início da nossa teoria, encerraremos o Holomovimento, citando Stephen W. Hakwing, com as suas últimas palavras do seu livro -Uma breve história do tempo.

"Entretanto, se descobrirmos de fato uma teoria completa, ela deverá, ao longo do tempo, ser compreendida, grosso modo, por todos e não apenas por alguns poucos cientistas. Então devemos todos, filósofos, cientistas, e mesmo leigos, ser capazes de fazer parte das discussões sobre a questão de por que nós e o universo existimos. Se encontrarmos a resposta para isto, teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque então, teremos atingido o conhecimento da mente de Deus."