MELINDA, UMA ARTE QUE INTEGRA O HOMEM AO UNIVERSO
por Michel Random / Paris, 1988

A arte de Melinda implica em uma nova atitude: compreender que cada pequena coisa faz parte de um todo. Neste sentido, constitui uma arte holográfica e uma nova descrição da realidade. A matriz da realidade é invisível, Melinda, porém, cria formas visíveis que evocam essa realidade, ou melhor, esta matriz invisível.

Suas formas criam como que uma corrente, a de uma energia contínua, que torna o mistério perceptivo. Em última instância, é uma arte cujo gestual cria estados de ressonância interiores e exteriores. Uma arte que associa o homem à sua forma e o integra, pelo olhar e pela consciência, nesta dança da realidade.

A descrição figurativa através da escultura do processo criador é um acontecimento raro, quando a arte continua ser oque é: uma expressão estética e plástica que conjuga simplicidade e beleza. Diríamos ainda que uma tal arte, constitui não somente uma dança e uma descrição simbólica das simetrias do universo, mas um centro, em torno do qual se potencializam e ressoam todas as coisas. Uma arte que não fragmente mais, mas une; e que pode perfeitamente ser chamada uma arte holística.

Estar em ressonância, entrar em ressonância: é exatamente isto. As obras de Melinda são as novas antenas que captam e fazem vibrar o mundo da consciência e o mundo cósmico. Não somos, pois, nem um ponto nem uma linha, mas uma curva que se cria e que se gera sem fim. É uma expansão contida num centro, um amor que cria o ovo e rompe a casca. Um movimento que brota e se volatiliza, um gesto criador que reencontra a linguagem dos pássaros e sem dúvida, também, alinguagem vibratória do espaço-tempo.

Assim, Melinda cria ao sabor dos anos um "corpus", uma obra de conjunto, que não é senão uma linguagem única. Ao olhar uma de suas obras, sente-se o desejo de ver todas, pois cada uma completa a outra. É uma rede criadora onde o homem participa de um surpreendente e maravilhoso ato do nascimento.

Com Melinda, uma nova geração de criadores surge: aquela que abre a visão do real, que conjuga o olhar e o espírito, a beleza e o poder, a harmonia e a consciência. É uma arte que integra, que une. E é nisso que é uma nova e fascinante linguagem que nos leva a ver o universo e a nós mesmos com novos olhos.